quinta-feira, 30 de abril de 2009

O pêido de Darésio na Boate Marquise


Darésio Aristeu é um sujeito bastante conhecido em Afogados da Ingazeira. Jogou nas melhores equipes de futebol da cidade e passou até pelo Socremo, time profissional da cidade de Monteiro na Paraíba. É filho da finada Dora Pixilinga e o seu pai é um dentista velho aposentado lá das bandas de Feira de Santana, no estado da Banhia.

A boate Marquise em meados dos anos 80 foi um verdadeiro sucesso. À noite era casa cheia e entupida, como bucho de menino pobre de periferia quando vê um prato de feijão com farinha e uma colher de óleo de soja por cima. Nas tardes, a minineira como diz Marconi Edson, fazia finca todos cheirando que só a peste, logo a colônia alfazema tava num sucesso da gota serena. Inté as fateiras arrasavam com a verdinha, depois de tratar meio mundo de fato, tomar um banho e derramá-la no corpo.

As gatinhas usavam uma colônia chamada Patchouli; a bicha tinha um cheiro doce que enjoava, não sei como as tristes agüentavam. Lembro que os rapazotes colocavam um litro de coca-cola na mesa e ficavam num rebolado arretado. Darésio ajudava Dionísio da Budega, pai de Alexandre do Celular e de Júnior Prugema. Era um xêlepa desgraçado do homem mais careiro da época. Ah, mas Dionísio gostava dele, mandava buscar água, almoço, café e depositar dinheiro em banco.

Até um gato preto pulguento Darésio dava banho na budega a mando de Dionísio. Pequinha gostava logo o bicho era preguiçoso que só radialista ruim, tipo: me deixa quieto pra num arrumá pobrema como diz Zé Negão e Gonzaga Ferreira. O infeliz trabalhava a semana toda na budega e ainda lavava o carro para o Menundo Alexandre desfilar na rua com um frasco de Cepacol dando injetada a toda hora para resfriar a boca contra o indesejável que atingia as narinas dos filezinhos. Mas compensava porque no sábado à tarde Darésio recebia a mixaria do velho, agora imagine quanto era? O sufiente para comprar 15 chicletes e cinco cajuína. Por isso que o infeliz arrancou logo os dentes. Foi com Dr. Aluísio Arruda. O consultório ficava onde hoje funcina o Zero Grau de Nei Quidute.

Como eu não tinha filé e era liso que bucho de traíra, freqüentava o Bar da Facada, no beco do Mercado Público, o conhecido Bar de Fanfa, que por sinal bateu as botas depois de ter enfrentado um cirrose. Era cada bagaceira no Bar de Fanfa. As negas pareciam acidente de trem e só tomavam Pitu com peixe ou preá torrado num óleo preto da bexiga.

Mas que contador de contos sou eu, que boto até os finados pelo meio? Safadeza rapaz, fica na tua! Seja o que tiver pensando é da tua conta? Aguarde um pouco, peça um minutinho e diga a esse fela que tenha paciência que a estória tá chegando ao final. O cabra vem atazanar mesmo agora. Se for as moriçocas nas pernas, dane um ventilador, se não tiver prestando leve na oficina de João Batista, lá conserta até bola de couro, do jeito que o danado gosta de dinheiro. Assim dizia Martinho Souto que botou ele no ramo.

Eita cabra falador miserável. Mas o nosso assunto é outro, vamos pra trás que na frente tem gente, quer mudar o texto? Então mude homi! Ora, o cabra num ganha nada e ainda é obrigado a receber críticas. Teve uma infeliz de uma leitora que botou no mural aí ao lado que quando leu o texto deu náuseas. Mas eu compreendo...

Em uma noite daquelas Darésio tomou um banho demorado, passou creme pelo corpo, derramou quase um frasco de Piment na cara, escovou a chapa, que o danado não tinha mais os dentes naturais e se danou pra marquise. Chegando lá pediu uma cerveja, e ficou no canto da mesa aguardando dar uma fitada numa garota daquelas que estavam remexendo o esqueleto no salão ao som do “meu ursinho blau blau de brinquedo”. De repente conversou com uma delas e no horário das músicas lentas a convidou para dançar. Bem coladinho, Darésio foi amaciando e deu-lhe uma beiçada. Com uma pastilha Halls na boca o desenrolado conseguiu enganá-la. Poucos minutos depois veio uma vontade triste de dar um pêido. Sustentou a barriga, fez força, torceu o calcanhar e não deixou o mardito sair.

Novamente a barriga pressionou mas ele controlou. O suor frio chega molhou o fucinho. A gatinha até o indagou porque estava suando, mas ele alegou o calor. Fez força, se remexeu até o pescoço e conseguiu manter o furico fechado. Ele me falou que pensou: - mas rapaz logo agora? De nada adiantou tentar fugir das tripas gaiteras. Na segunda música, quando ele pensava que estava bem, até curtia o som cantando baixinho no ouvido da dita cuja: “Meu mel não diga adeus, eu tenho tanto medo”, aí meu amigo ele não mais agüentou e deixou o pêido sair devagarinho, como quem tá comendo um corró torrado cheio de espinha.

Ele se espremeu de um lado pra ver se retia o cherinho de bebê que havia sido evaporado do furico, se espremeu do outro, mas a gatinha começou a sentir pela gola da camisa. O peido entrou de blusa a dentro e saiu quente que só água de pelar porco. A garota tentou se afastar do aloprado, mas ele deu uma gravata na coitada quem nem trinta homens separava. Tinha uma turma dançando próximo, correu e a infiteta da bufa ficou rodando no local. A essa altura sem ter mais alternativa, Darésio falou no ouvido da menina:

- Tais sentindo o mal cheiro, parece que bufaram?

Aí a menina revoltada falou: - é mesmo e bufaram agora na minha cara com outro odor diferente, por favor me solte que eu estou com falta de ar, você parece que comeu lama! Aí Darésio descofiado que só cachorroo de fateira, soltou o piteuzinho no salão com uma vergonha daquelas. O jogador tentou se justificar mas a sofredora deu no pé, não quis nem escutar.

Daquele momento em diante Darésio nunca mais foi na Marquise, porque a gatinha contou o fato as amigas na escola e eu estou relatando nos Causos & Contos. Que sem graça rapaz, tenha vergonha!!!

quarta-feira, 29 de abril de 2009

O Touro Mimoso, o Fazendeiro e o Americano

Por Gilberto Moura

Nos meus tempos de criança, Afogados e Região era grande produtora de algodão, verdadeiro ouro branco que fez a prosperidade de muitos e a miséria de outros tantos quando sucumbiu à praga do bicudo. Como a região foi colonizada por patas de boi, ou seja, desbravada pela Casa da Torre para a criação extensiva de gado bovino destinado a alimentar os escravos dos engenhos de açúcar do litoral, arraigou-se na região a pecuária bovina, ainda que rudimentar e de pouca produtividade.

Mesmo assim, cheguei a ver e visitar fazendas maravilhosas, geradoras de riquezas e de empregos tanto na lavoura quanto na pecuária e na rudimentar agro-indústria da farinha de mandioca e dos engenhos de melaço e rapadura. Passado quase meio século, posso citar a Fazenda Riacho do Mel de Posidônio Gomes, homem poderoso, pai de deputado, prefeito de Afogados e de Sertânia onde repousam seus restos mortais; cito ainda a fazenda de José Virgínio em Iguaraci que fazia a melhor rapadura da região, a fazenda de Lolô na Serrinha, a dos Rafael em Jabitacá e acima de todas elas, a que mais me impressionava pelo dinamismo e pujança, a fazenda de Anselmo Correio na Queimada Grande. Propriedade maravilhosa, ricamente aparelhada com engenho e casa de farinha, açude, tropa de cavalos de grande qualidade e rebanho bovino dos melhores da região.

Hoje recordo com tristeza, todas sem exceção deixaram de produzir. Viraram casa de campo de algum herdeiro mais esperto ou foram retalhadas e vendidas na bacia das almas a troco de banana. Mas, deixando a tristeza de lado, voltemos ao relato.
Anselmo Correia era um empreendedor, um curioso nato, um autodidata. Daquela figura minúscula fisicamente sempre se podia esperar grandes feitos, a forma como tocava sua fazenda era a prova maior de sua capacidade pessoal. Seu rebanho bovino não se resumia ao gado pé-duro, tão comum no Sertão, descendente ainda do gado português de baixa qualidade com o qual Garcia D'Ávila colonizou a sua sesmaria, era muito melhor, pois Seu Anselmo, já naquela época pensava em melhoramento genético, inseminação artificial e tantas outras técnicas que só viriam a se popularizar a pouco mais de 10 anos.

Na sua fazenda tinha um reprodutor, um touro guzerá meio-sangue, de grande produtividade, chamado Mimoso. Naquele tempo não havia congelamento de sêmem em nitrogênio como hoje, colhia-se o sêmem na hora, fazendo o touro ejacular numa vulva artificial, dividia-se o sêmem em doses menores e aplicava nas vacas ali mesmo. Cada monta de Mimoso rendia de 10 a 15 doses de sêmem de alta qualidade e sempre resultavam em prenhês positiva e bezerros de boa linhagem. Não bastasse tanto, Mimoso era de uma docilidade inacreditável para um animal daquele porte, era portanto, o xodó do velho fazendeiro. Mas, o tempo é o tempo e por conta do tempo, Mimoso foi ficando velho e suas qualidades reprodutivas foram escasseando e para Seu Anselmo aquilo era desesperador. Na época Afogados tinha a filial de uma empresa americana que comprava algodão "in natura", a Boxwell & Cotton Company. Não sei como, mas o certo é que a decadência de Mimoso chegou aos ouvidos de um agrônomo americano que prestava serviços à Boxwell.

Assim é que certo dia esse senhor chegou a fazenda de Anselmo Correia com uma maleta muito bonita, querendo uma meia hora de atenção, segundo ele para resolver o problema do touro Mimoso.
Seu Anselmo era um cavalheiro, recebeu a visita, mandou servir sucos e frutas e se colocou à disposição do americano.

O americano começou a falar com seu carregado mas compreensível sotaque:

- Senhor Anselmo, o que trago para lhe demonstrar, vai resolver a baixa produtividade do seu reprodutor por mais 5 ou 6 anos, ele vai voltar a produzir com a mesma freqüência e quantidade de um touro novo.

Dito isto, abriu a maleta e apresentou a sua maravilha:

- Veja Senhor Anselmo, isto é um ejaculador eletromagnético, a última grande invenção da veterinária americana!

Disse isto exibindo um cilindro de cobre do diâmetro de uma garrafa de refrigerante com uns 60 centímetros de comprimento e ligado por dois fios a um magneto de manivela, semelhante aqueles usados em telefones antigos e que a policia menos esclarecida usava e até usa hoje em dia como instrumento de interrogatório.

E explicou:

- Veja que simplicidade senhor Anselmo, o senhor introduz esta sonda (o cilindro de cobre) no ânus do touro e gira esta manivela, dai ocorre uma descarga elétrica cientificamente calculada no organismo do touro e ele ejacula.

Seu Anselmo ficou contemplando aquela parafernália à sua frente e sem encontrar razoabilidade alguma naquela proposta, indagou:

- O senhor está sugerindo que eu coloque isso no meu touro e ainda dê um choque? O senhor já viu meu touro? Já cortou palma para ele? Já deu água? Já fez um carinho na testa? Já viu os netos de 5 a 6 anos brincando com ele como quem brinca com um gatinho ou um cachorrinho? Já viu um filho do meu touro? Sabe de quantos campeões de exposição ele é pai por esse mundo a fora? Tem idéia de quanto dinheiro ele já me deu? E finalizou:

- Meu amigo, se eu lhe disser onde eu estou com vontade de enfiar esse troço e dar um choque o senhor não acredita! Acredita?

O americano respondeu:

- Senhor Anselmo, eu acredito, até mais ver Seu Anselmo, até mais ver.

O americano nem esperou seu Toreba ir buscá-lo de volta, foi a pé da Queimada Grande até Afogados, e foi ligeiro, "visse"?

terça-feira, 28 de abril de 2009

A MORTE DE ELILSON GÓES


Por Nill Júnior

Elilson Góes é natural de Sertânia e hoje é Secretário de Cultura daquele município, mas teve toda a sua vida uma relação com o rádio interiorano, já passando como radialista e Diretor por várias delas como Itapuama FM, Santa Maria de Monteiro e Transertaneja FM. É um dos grandes amigos que construí nesse mundo da radiodifusão.

Quando passou pela FM afogadense, Elilson foi sem querer protagonista de uma das mais tristes histórias dos mais de 15 anos da emissora: a sua própria morte. Em 1994 a rádio cobria pela segunda vez os Jogos Escolares Regionais, dirigida por Edcarlos Bezerra e tendo no seu quadro Nill Júnior, Wellington Rocha, Elilson Góes e o próprio Edcarlos.

Ocorre que vindo da temida Serra de Teixeira, Elilson sofreu um acidente. A primeira notícia que chegou a emissora em Afogados foi que ele estava em estado gravíssimo. Trocando em miúdos, era só esperar a fatídica hora de anunciar sua morte. Mesmo com uma cobertura tão importante, a equipe da Transertaneja à época não teve dúvidas: começou a tocar apenas músicas fúnebres instrumentais e chamava com flashes do Centro Desportivo.

Nill Júnior e Wellington Rocha não paravam de anunciar em tom de nota de sepultamento: “Estamos aqui anunciando os resultados apenas por compromissos com nossos patrocinadores, mas de coração partido, pois nosso companheiro Elilson está à beira da morte vítima desse acidente. Pedimos a Deus e a todos que orem por ele”. Aquela altura ninguém pedia pela restauração dele e sim por ele. Ou seja, para que Deus o pusesse em bom lugar no céu. Não acreditavam nem que escapasse...

Para o dia seguinte já se esperava que a notícia fosse da hora do sepultamento, local, etc. Dono da rádio, Inocêncio Oliveira já preparava uma nova de pesar. A Direção já solicitara ao governo municipal decreto de luto oficial por três dias. As flores já estavam encomendadas à floricultura. O clima era de tristeza. Da recepcionista à direção, olhos marejados pelo colega que se fora...

Eis que surge o próprio Elilson na porta da emissora bem vivo, apenas com leves escoriações. “Oxe Elilson, tu num tava quase morto?” – perguntaram os profissionais achando se tratar de uma alma se despedindo. “Agora pronto, foi só um susto. Eu não mandei dizer que apesar do susto estava tudo bem?” Nill Júnior – ainda dando seus primeiros passos e totalmente inexperiente - grelou os olhos e disse :” Mas a recepcionista entendeu que o recado era PRA GENTE NÃO TER SUSTO, MAS NÃO TAVA NADA BEM”...

Pronto, lá se foram todos os comunicadores pra o ar anunciar A VOLTA DO MORTO VIVO ELILSON, desfazendo uma das maiores gafes da história da emissora.

domingo, 26 de abril de 2009

A brechada do negão no banheiro do ACAI


Afogados da Ingazeira tem gente com cada apelido estrambólico. É Arroz da Ponte, Xerém do Borges, Farinha da Vila e Macarrão da Rua Nova. Portanto vou criar um personagem com o nome Caroço de feijão pra deixar esta coisa mais diferenciada. Nêgo Caroço que é um personagem fictício mas um dos originais em tela, é desses cabras enxerido, cheio de pantim como diz o matuto, danado pra está onde não lhe cabe o bico. Por onde você anda o encontra, parece que o infeliz se transforma em dez, logo o produto representa grãos, talvez seja por isso que o negão seja divisível.

Quando frangote, o danado não perdia uma festa realizada no antigo ACAI (Aeroclube de Afogados da Ingazeira). Bons tempos... Mas deixa pra lá, quem mandou a comissão fazer barulho e depois recuar da decisão de não permitir que o monumento fosse demolido.

Esquece, o Barão disse que o povo não imagina o quanto Afogados vai desenvolver com a construção do Sistema Viário de Contorno. Ele frisou que é preciso ter visão de futuro para enxergar que a cidade deu um salto de 20 anos.

E que salto... Não seu mané, se tiver alguma crítica encare o homi e o diga! Talvez você tenha pensado: quem é doido? Mas ele me recebe muito bem e até digere minhas críticas. Até que ele tá mais leve. Não encare como bajulação, até porque ele não vai muito comigo, é só espiar o tamanho do espaço que tenho em seu governo. Inda bem que tenho meu emprego! Mas se não tivesse... Tava lascado.

Mas vamos ao que interessa, deixa o prefeito pra lá que ele sabe muito bem o que pensa as pessoas; babão é que não falta para contar. E pra Valadares isso não interessa, o que vale é que o danado é um tocador de obras sem igual, pena que a imagem não foi tão bem tratada neste sentido. Ficou na cabeça das pessoas a idéia de que é popeiro que só a peste! Mas é mero engano.

Eu não sei pra quê estou falando isso, se não tem nada a ver com o causo. Vôte, parece que tô ficando doido! Safadeza não rapaz, respeite a polícia! Cabra de mente suja. O ACAI por muitos anos foi palco de muitos carnavais e eventos importantes. Cheguei inclusive a prestigiar vários shows, mesmo na minha fase de adolescente.

Pois bem, as paredes do demolido, hoje estrada de muitos felas, eram rebocadas por dentro, porém por fora era um Deus nos acuda. Por trás havia um matagal desgramado e uma cerca da altura da Torre de Babel, mas a minineira como dizia Marcone pulava com facilidade. O pior é que os infame não sofria nenhum arranhão. Se fosse um pai de família trabalhando certamente quebraria o pescoço. Ah infeliz da costa oca de sorte!


No banheiro das mulheres tinha uns cinco buracos. E olha que esses buracos serviram pra se ver muita coisa interessante... Do lado de dentro, havia luz e por isso os buracos não eram visualizados com facilidade, já que na parte de trás a escuridão tomava de conta e a galera gostava.

Num dia desses de festa, estava a polícia de serviço na frente do clube, quando de repente fora solicitada para coibir a maloqueirada que se encontrava lá no banheiro das mulheres curiando o que não deviam. Imediatamente os praças da guarnição foram ao local e constataram a veracidade do fato. Parece até que estou imitando aqueles boletins registrados pelos companheiros, que os textos são sempre os mesmos, é como entrevista de jogador de futebol.

Quando os policiais pularam a cerca e esbarraram nos cabras, os mais espertos correram que as pernas batiam na bunda, porém os mais bizonhos ficaram na fila aguardando a vez pra dar sua espiadinha no buraco da felicidade. Nisso, Caroço era o da vez e estava mais intertido, como diz Biu Calcinha que só pinto em bosta de manhã, quando o cabra vai cagar no mato, ao cheiro do marmeleiro e limpa o furico com um peste de um sabugo. Não diga que você nunca fez isso?

O soldado chegou à fila fumaçando de raiva pelos ouvidos. É que a cerca tinha arranhado o braço do companheiro, os arames eram cobertos por galhos de jurema preta e pedaços de mandacarú. Tava um som alto da gota serena, mas o policial não quis sabem disso, deu um cutucão nas costas do nêgo, assim como se mete o ferrão com raiva em boi bravo. Aí ele gritou de lá:

-Peraí rapaz que a vez é minha, daqui a pouco é você, só mais um pouquinho. Que cara mais apressado!

Daí a pouco, outra fisgada nas costas e ele resmungou:

- Só um pouquinho, estou terminando...

Na terceira futucada ele virou arretado, já com a mão cheia de cuspe e falou:
- Vai te lasc......

Quando se deu conta que era a polícia deu um sarto da molesta dos cachorros e pulou a cerca num segundo. Ô carreira da besta cigana, nem Cal Lions, recordista mundial dos cem metros rasos pegava o brechador. Esta história foi real e o nome do personagem é fictício. Qualquer semelhança é mera coincidência.

sábado, 25 de abril de 2009

SOARES, HILDINHA E A CARNE DE BODE

Por Gilberto Moura

Quando o Soares, pernambucano de Palmares aportou pelas bandas do Pajeú como funcionário da CELPE era rapaz novo, doido para casar, ter família, um cobertor de orelhas para as noites frias e um chamego para as noites quentes. Estava cansado da curta solteirice, queria ser pai, chefe de família.

Nas andanças pela zona rural, por conta dos programas de eletrificação promovidos pelo Governo Arraes, teve a ventura de conhecer Hildinha, cabrocha faceira e cheia de predicados elogiáveis também doidinha pra casar e morar na cidade, ou dizem "na rua".

Foi juntar a fome com a vontade de comer e após breve namoro, saiu o casamento oficial, no juiz e no vigário seguidos de uma festança regada a cachaça e cerveja resfriada no tanque de água com areia com galinha de capoeira e arroz da terra.

Passados os festejos, o casal começa a vida em comum e finalmente chegou o dia tão esperado por Soares, ou seja, o primeiro sábado de casado, o dia de Soares fazer a primeira feira para a sua casa, o seu "lar doce lar" ou "home sweet home" como cantava Nat King Cole.

Hildinha ficou em casa, na limpeza e arrumação de sua "casa de verdade" tão diferente daquela casa de brinquedo com bonecas de pano e sabugo de milho que tinha na roça.

Soares caprichou nas compras, frutas, verduras, legumes variados e para arrematar, impressionar Hildinha, convencê-la definitivamente de que ele era realmente "o cara", comprou um enorme quarto de bode. E não era um quarto de bode qualquer, era traseiro, gordo, coisa linda! Ocorre que Soares, desde que chegou ao Sertão ficou viciado em carne de bode, de qualquer jeito, assado, ensopado, frito, se tivesse aquele cheirinho característico, era com ele mesmo!

Assim chegou Soares em casa, com aquela feira imensa e aquele quarto de bode maior ainda, pronto pra colher os elogios de Hildinha.

Quando Hildinha viu aquilo tudo em cima da mesa, disparou como um tiro no peito de Soares:

- Oxente Soares! E tu comprou foi bode?

Disse isso com um ar de repugnância tão grande que despertou os instintos mais sombrios de Soares, ferveu-lhe o sangue nas veias, logo ele, um chefe de famíia? Não merecia tanto desdém! Sentiu seu casamento tão promissor ir por água abaixo, todos os seus planos e sonhos serem abatidos por um quarto de bode tão lindo. Não era justo! Então, se recompôs da surpresa e devolveu:

- Olhe Hildinha, eu te conheci comendo preá e a partir de hoje nessa casa só entra carne de bode!

E assim foi, Soares passou dois anos comprando somente carne de bode até que ele mesmo enjoou e começou a variar, era galinha, porco, peru, cortes nobres de boi, peixes, até pato e marreco quando ele achava comprava, até que um dia Hildinha reclamou:

- Oxente Soares, nunca mais tu comprou um "bodin"?

(Essa historia me foi contada pelo próprio Soares, em conversas divertidíssimas no Bar de Tripa, seu "escritório" depois de aposentado da CELPE. Aposentadoria abreviada por um infarto fulminante, que deixou Afogados menos cordial e mais triste).

sexta-feira, 24 de abril de 2009

A nota de falecimento lida por Toinho no Grau

Toinho Soares é o cara mais fanático do mundo por o tal do microfone. Ele apresenta um programa de forró na Rádio Pajeú chamado “Crepúsculo Sertanejo”. O danado já foi cantor de forró, chamador de bingo, motorista de carro de som e até apresentador de pastoril.

Onde tiver um microfone Toinho entra noite à dentro. É como jogador de baralho que esquece do mundo quando está naquela mesa fedorenta, rodeado de fumantes ativos que vão ao banheiro, fazem suas necessidades, não lavam as mãos e pegam nas quadradas o dia inteiro. Por isso que as cartas fedem mais do que suvaco de aleijado.

Mas vamos deixar isso de lado e falar do que interessa. Afinal quem deve falar sobre mesa de jogo de baralho são os próprios jogadores que na maioria das vezes vendem até as cuecas para arriscar no jogo. Coitado de um primo meu chamado Hermes Pinheiro. Já teve muito prejuízo, mas hoje afirma que está libertado da tentação.

Certa feita, Soares recebeu no início do Programa Crepúsculo Sertanejo, que começa às 16h uma nota de falecimento de uma senhora que havia batido as botas no Sítio São João, município de Afogados da Ingazeira.

Distraído com tantos comerciais, ele mandou abraço até para Marco Bundinha que estava em Brasília trabalhando de entregador de panfleto em frente às lojas. Por falar nisso ele tá aí na boemia e com bufunfa no bolso. Ainda ontem o galã brasilense estava conversando com Biu Calcinha na calçada de Zé Marcolino, tratorista véi aposentado.

É característica do locutor em tela, mandar alô pra toda matutada desses sítios. Logo o febrento cantou na banda de Ismael Galdino e conhece uma porrada de gente na zona rural. Mandou alô pra cá, pra ali, pra aculá, e tome o tempo passando...

Quando deu por conta de que a nota de falecimento da véia estava em baixo das outras, Toinho ficou bastante aperreado, olhou para o relógio e atordoado leu o aviso na maior rapidez, só que o sepultamento estava marcado para às 17h e quando ele estava anunciando a morte da véia Chica, o relógio já marcava 17h15. Sem ter percebido que o horário havia estrapolado e o caixão já havia sido conduzido ao Parque da Saudade Toinho falou:

- São cinco horas e quinze minutos. Estamos apresentando o Programa Crepúsculo Sertanejo! E atenção para esta nota de falecimento. Os familiares de Maria Francisca de Souza, conhecida como Chica de Zé Moraes, avisam que a mesma faleceu ontem à noite e convida todos para o seu sepultamento que será hoje às cinco horas no Cemitério Parque da Saudade. Ô sepultamento no grau, minha nossa, o corpo já saiu? Corra que ainda dar tempo pegar, acho que o caixão ainda não chegou ao cemitério!

E assim "No Grau" se saiu bem nesta nota de falecimento divulgada quinze minutos após a saída do corpo com direção ao cemitério. Me pediram para registrar nos meus causos & contos. E eu atolei de cá!

quinta-feira, 23 de abril de 2009

Bartó de Lia, o orador de Lúcio André


A política é uma praga tal que eu aconselho todos a não se meterem nela. É Paixão para uns. Satisfação para outros. Idealismo para alguns. Meio de vida para tantos.


Ela organiza a forma de vivermos juntos, produzirmos e distribuirmos os bens. No início, um ou outro político entra no ramo movido por um ideal. Uma vez que ideal é paixão e esta é fogo de palha e por isso dura pouco.


Todo mundo já foi enganado por algum político inclusive você, não se faça de engraçadinho ou engraçadinha. Será que eu não sei as falcatruas e o que o político pode criar ou inventar para passar a perna no próximo.

Ah, mais vamos ao que interessa, já basta tanta embromação por parte do governo municipal em relação às indicações de cargos em Afogados, já tem nego em tempo de engolir o barão vivo de tanta raiva.

Certa feita, Lúcio André foi incentivado pelo pai a concorrer uma vaga na Câmara de Vereadores. A princípio ele engatou logo uma ré e falou ao seu pai o Dr. Dionísio Almeida:

- Papai, não adianta eu inventar isso se eu não sei falar em palanque. Deixa isso pra quem sabe e gosta da coisa!

Dionísio que queria o filho na política a todo custo respondeu:

- Não se preocupe meu filho, aculá tem um orador bom e eu vou contratá-lo para falar por você nos comícios, trata-se de Bartó de Lia, um pescador desenrolado da molesta!

Aí Lúcio André se animou e aceitou ao convite do velho:

- sendo assim, eu vou para o sacrifício papai, mas me fale logo o que é política, que eu tô como cego em tiroteio.

Com uma resposta simples Dionísio deixou Lúcio André pronto para encarar os demais candidatos:

- meu filho ser político é fácil, é só forçar o sorriso, abrir os dentes demonstrando está alegre, dar aperto de mão até em tuberculoso e dizer sempre, sim vou ver o que posso fazer por você!

Registrada as candidaturas, Bartó de Lia começou a falar nos palanques e defender o nome do candidato a vereador Lúcio André. Fez diversas apresentações do nome do filho de Dionísio e ganhou algumas vezes um gato pingado de aplausos.

Em comício realizado no Bairro Ezídio Leite, Bartó fez um levante da peste no nome de Lúcio André. O discurso do febrento agradava e tinha gente que dava gargalhada a bersa.

Lúcio gostava de ficar ao lado de Bartó com os dentes abertos saudando o pessoal. Ao som do microfone o pescador elogiava o candidato:

- este jovem é uma promessa da política afogadense, filho do Dr. Dionísio Almeida, um homem que tem muito serviço prestado em Afogados da Ingazeira. Lúcio carrega no coração o amor do tamanho dessa gente que está neste comício, tem muitos ideais e sonha governar um dia os destinos desta terra.

As palmas vadiavam no centro e Bartó de Lia que empolgado defendia Lúcio André de unhas e dentes concluiu o discurso e entregou o microfone ao apresentador sem ter mencionado o número do candidato.

Apavorado, ele tomou o microfone da mão do apresentador que já havia anunciado outro candidato que ia falar e completou:

- Minha gente, eu falei bem que só a peste do meu candidato a vereador, mas esqueci de lembrar o número dele pra vocês. O número de Lúcio é 14666, um, quatro e o número da besta fera!

quarta-feira, 22 de abril de 2009

Toinho de Ismael na Paixão de Cristo


Toinho Brafuta é muito conhecido em Afogados da Ingazeira pelas presepadas que pintou quando frangote. Ele é filho de Ismael Pedreiro, que por sua vez é irmão de Juraci Agostinho, que é irmão de Ninô do Caminhão.

Certa feita, o responsável do grupo de teatro da Paixão de Cristo de Afogados o convidou para fazer parte da peça, porém o personagem só seria avisado minutos antes da realização do primeiro ensaio. Brafuta aceitou ao convite e ficou alegre que só pinto em bosta.

Na hora do ensaio escolheram Brafuta para fazer o papel de um soldado. Todos gostaram da atuação do danado pela forma dinâmica e segura no texto, afinal seu papel seria dar chicotada em Jesus, interpretado por um tal Sidnei, parente de Zé Mendes da lotação de Carnaíba. Não era para Brafutar dar uma palavra sequer. Acho que o responsável sabia das loucuras do convidado.

Naquele tempo poucas pessoas tinham um aparelho de TV em casa, por isso nascia menino feito a peste. Hoje a mulherada casada reclama da modernidade em razão de um instrumento responsável por uma infinidade de gaia nesse mundo a fora: o ingrato computador.

Mais isso é outra história, vamos ao que interessa. No dia da apresentação da Paixão de Cristo, a Praça Arruda Câmara estava tomada de canto a outro, inclusive com muitos expectadores da zona rural que adoravam assistir ao espetáculo.

Várias cenas foram representadas por atores locais, mas nenhuma chamou tanta atenção como à de Brafuta chicoteando Jesus. O responsável pela peça deu a cada um dos soldados um chicote de couro fino que deveria ser usado de forma figurativa.

Mas o Brafuta já cheio das biritas olhou para as costas de Sidnei e desceu a chibata pra cima, assim como se dar em um jumento ruim de cangaia. O Jesus fazia ar de dor a todo instante, mas o público pensava que era apenas a parte dramática interpretada pelo ator. As lágrimas caiam dos olhos e ele não via a hora daquela triste cena acabar.

Um rapaz que estava perto do Jesus ficou admirado com a cena e comentou com o amigo:

– rapaz esse cara nasceu pra ser ator! Olha para o rosto dele, tá saindo lágrimas de verdade.

Sem estar nem aí pra vida, Brafuta descia o chicote com toda força nas costas do Cristo e gritava em alta voz, sem ter nada a ver com o texto, afinal o infeliz não tinha autorização pra falar absolutamente nada:

– mardito ruim, Jesus de verdade era bom, mas tu não vale nada e só merece cacete! E tome chicotada.

Nisso Sidnei sem agüentar mais tanto cacete no lombo falou pelo canto da boca, fí da peste, quando eu sair daqui tu vai me pagar, aguarde!

Quando acabou a apresentação, Brafuta ainda vestido de soldado se abufelou com Sidnei na vera, como diz o matuto e foi taco de roupa pra todo lado.

Os outros personagens entraram pelo meio, apartaram a briga, e eu estou registrando isso hoje dizendo que foi um fato real.

terça-feira, 21 de abril de 2009

"Pelado" no Independente de Pedrinho


Time de futebol amador é a molesta dos cachorros pra ter jogador irresponsável. Também pudera, os desgraçados têm que comprar chuteira, calção, meião e o diabo a quatro...

Num domingo desses a equipe do Independente de Pedrinho foi se apresentar no Povoado de Itã, município de Carnaíba.

Os peladeiros daqui têm o costume de ficar nas beiras de pista esperando algum carro, seja o time que for para brincar dentro das quatro linhas, é o chamado “pega na rua”.

Pois bem, tem um jogador no Bairro da Ponte por nome de Pelado, o bicho é ruim que só a palavra “teje preso’. O infeliz aguardava no bendito dia, um carro desses pra jogar, aí por arto do capeta ele subiu na F-4000 que levava o time do Independente.

O peste foi recebido com muito carinho, mas na hora do espetáculo no pedregulho da Itã andou aprontando algumas. Por pouco não arranjou uma briga com um matuto e quando acabou o jogou encheu o tolé de cachaça. O Independente empatou em 0x0 com o Juventude, por sinal eu participei da tarde esportiva jogando no segundo quadro. Aposto que se Aldo Vental ver isso vai tirar onda, mas ele também jogou aspirante o tempo todo...

Pedro Marcelino sempre gostou de fazer animação durante as viagens em cima das carrocerias ao som de um pandeiro, de um triângulo e de uma zabumba. As músicas eram bastante manjadas e a galera tava arretada de tanto ouvir, o Pano de Coar Dentro, Adalgisa, e a música intitulada Mané de Louro...

Na volta Pedrinho inventou de cantar e desafinado que só a gota serena lascou o pandeiro pra cima acompanhado dos outros instrumentos. Uma meia dúzia gostava e até soltava a voz timidamente, pois as músicas eram conhecidas de tanto o danado cantar.

Pelado, como já falei ruim que só germe de porco na tua cabeça, tentou tirar umas com Marcelino e começou a gritar no meio dos jogadores tirando a concentração nas músicas. A estrada já escura e várias vozes acompanhando Pedrinho, aí o desgramado aproveitou com uma voz fina, até então desconhecida.

- Isso é uma porcaria, beeeeeeeeeeeeeeeeeee!

Era cada berro que até quem estava na cabine ouvia.

Ao se sentir incomodado Pedrinho bateu no vidro do carro pediu que parasse e advertiu – alguém está com gracinha aqui atrapalhando minhas músicas, se eu descobrir vou botar pra descer!

O carro seguiu novamente, mas a poucos metros Pelado deu outro berro. Pedrinho bateu no vidro e pediu que o motorista parasse novamente. Aí novamente fez as mesmas recomendações e avisou que ia colocar o engraçadinho pra descer do carro. Mas nenhum deles acusou-se.

Novamente o motorista deu na chave e meteu o pé no acelerador com tanta indignação que a fumaça subiu na escuridão... Nisso, Pelado deu outro berro aproveitando a raiva do motorista que estava apressado para assistir a missa com padre João carlos Acioly, vigário de Afogados na época.

Impriquitado Pedrinho gritou – para esse carro aí motorista, que eu quero descobrir quem é este palhaço!

O motorista lascou o pé no freio que foi suvaco fedorento pra todo lado. Os cabras todos suados depois do jogo; tava uma carniça triste. Voou garrafa de cana de toda espécie por cima do gigante.

Sem agüentar mais, Pedrinho perguntou aos jogadores: – nós viemos para o jogo em paz?

Aí todos responderam – sim viemos!

Novamente ele perguntou – nós estamos voltando para casa em paz?

Aí quando chegou nesta parte Pelado gritou lá do fundo da carroceria – pois não padre Marcelo Rossi!

Aí Pedrinho retrucou – O palhaço é você mesmo, bora desça do carro e pode ir a pé pra você aprender!

O jogador desceu e tirou a pé da Itã até o bairro da Ponte onde se esconde.

segunda-feira, 20 de abril de 2009

No Tribunal do Júri com um Réu Enfezado

Por Gilberto Moura (Advogado)

Certa feita, em viagem de férias a Pernambuco acompanhado de meus filhos, então pequenos, depois de três pernoites e 2600 quilômetros de buraqueira, enfim cheguei à casa da parentada mais morto que vivo, mas contente, pois tinha pela frente 15 dias de vadiagem da mais alta qualidade.

Acomodei as crianças e antes de tomar um banho fui ao boteco de minha estimação para um gole de pinga boa e uma cerveja pra espalhar o sangue.

Estava lá de prosa quando chega um conhecido, também advogado, que me chama num canto e pede para falar comigo mais tarde, coisa importante diz ele com a voz rouca, quase incompreensível.

Expliquei onde estava "arranchado" e marquei para as 8 da noite, pois ele chegou 7:30 com as cópias de um processo criminal e foi logo abrindo o jogo:

- Preciso que você me ajude, faça essa defesa oral para mim. O Tribunal está fazendo um júri atrás do outro e eu atuei em 2 seguidos e já estou sem voz para debater e sem argumentos para esse caso, o sujeito matou por vingança de uns tapas que levou da vítima e vai pegar uns 30 anos mais as qualificadoras.

Tentei tirar o corpo fora mas não foi possível, falei pra ele arranjar um atestado médico e adiar o júri, ele disse que se fizesse isso o cliente ia ficar preso mais um ano pois só seria julgado na temporada de júris do ano seguinte. Resumindo, resolvi ajudar o colega a descascar o abacaxi.

Fiquei com as cópias do processo para estudar e marcamos de ir ver o preso pela manhã. Lá chegando ouvimos a versão dele da história e fiquei apavorado, o danado se vangloriava abertamente de ter mandado a vitima pras calendas. Então passei a aconselhar quanto ao comportamento durante a sessão, ou seja, tratar juiz e promotor de excelências, cabeça e voz baixas, ar de arrependimento, etc.

No dia seguinte foi o julgamento.
No interrogatório ele se comportou muito bem, falou de sua vida de homem honesto, trabalhador, pai de família, etc.
Nas perguntas do promotor também, fiquei animado achando que o representante da acusação tinha "comprado" e realmente tinha a história de bom mocismo.

Na pergunta final, o promotor, talvez querendo facilitar a atuação da defesa e a vida de pessoa tão boa, perguntou:

- Senhor Fulano de Tal, o senhor se arrepende de ter matado o senhor Sicrano?

O danado respondeu, quase gritando:

- Olhe excelência, eu nunca pensei em matar ninguém na minha vida, mas se aquele cabra safado nascer de novo e bater na minha cara outra vez, eu mato!

sábado, 18 de abril de 2009

A cantoria de Miguel Espinhara em Santa Rosa


Houve um tempo em que os artistas do repente eram bastante requisitados para realizar as chamadas “Cantorias” e olha que a presença de público era de arrebentar a boca do balão.

Tinha deles que andava de sapato alto. Era igual a bancário, antes do governo Collor. Quando a rádio anunciava, o poeta Mané de Soiza, estará se apresentando no Sítio Leitão, a macacada ficava dando sarto de alegria. Aparecia gente até de um olho só. O cantador brilhava em noites escuras neste Brasil a fora...

A atividade do repente já foi bastante valorizada. Surgiam novos valores e havia mais incentivo por parte da imprensa e dos poderes públicos municipais. Mas hoje quem diria, está em extinção... Surgiu banda de forró de toda espécie, motivado pelo mau gosto do público.

Pois bem, vamos ao que interessa isso aí é um assunto para Alexandre Moraes e outros Secretários de Cultura da região resolver. É necessário utilizar o poder de conhecimento, mostrar, provar, justificar, que a poesia deve ser vivenciada no nosso dia-a-dia.

O poeta Miguel Espinhara, foi fazer uma cantoria no povoado de Santa Rosa, zona rural do município de Ingazeira. Chegando lá um dia antes, foi recebido por um velho ignorante da peste. Chegou à hora do almoço e não saiu nada para o poeta. As tripas do infeliz roncavam mais que o motor do Carro de Som de Marconi Edson.

Sem suportar mais a fome Espinhara olhou pro velho e falou – fome né? Já são duas horas e até agora só engoli poeira. Ao ouvir as palavras do poeta, o velho foi lá dentro, acendeu o fogão, fez um cafezinho e trouxe ainda um prato com dois bolinhos de caco dentro. O poeta comeu e lambeu o beiço à vontade.

Mas ele aguardava uma noitada com um prato cheio de cédulas gordinhas... O salão lotou de matuto, era um fedor de macaco morto a tapa da desgraça, e o pior é que os tristes estavam lisos que só bucho de traíra. Mas miguel lascou a viola pra riba e tome aplausos!

Antes de terminar a cantoria, o dono do salão chegou próximo ao ouvido de Miguel e disse que a coisa tava preta, ou seja, o dinheiro do apurado não dava nem para pagar o transporte. Ele ficou furioso com o recado do anfitrião. Olhou para um lado, olhou para o outro e com um tom de doer o pé dos ouvido dos matutos terminou:

Vim cantar em Santa Rosa,
Aqui não presta pra quem canta,
Passei o dia inteirinho,
Sem almoço e sem janta,
Não senti o cheiro da flor,
Nem o milagre da Santa.

Aí a matutada sem perceber bateu palma que abalou o salão.

Lembrando que o fato em tela contado por Itamar França aconteceu de verdade, na vera, como diz o caipira.

sexta-feira, 17 de abril de 2009

O Soldado Ubaldo no Casamento de Arinéia

Bem no inicio dos 70 tinha um cabra da Igrejinha que apreciava ganhar uns trocos como "promotor de eventos" o que naquela época equivalia a nada mais nada menos que promover um arrasta-pé e faturar na entrada e na venda de cachaça, pois, cerveja gelada era coisa cara já que geladeira não tinha em todo canto.

O delegado de polícia era o Tenente João Gomes, da estirpe dos Jurubeba de Nazaré, atual Carqueja, entre Serra Talhada e Floresta. Só essa referência basta para indicar o "modus operandi" do doutor delegado, bem diferente dos superdelegados pimpões, proibidores de chibatas e tabaqueiros que tem aparecido hoje em dia.

Sabedor do terreno em que estava pisando, o já citado "promotor de eventos" compareceu à Delegacia de Policia onde foi atendido por Coligado, escrivão de oficio e tocador de tuba da Banda Pe. Carlos Cottart, onde soprava as mágoas de uma desilusão amorosa sem remédio.

O promotor de eventos se apresentou como pai de uma donzela chamada Arinéia e queria uma licença oficial para promover o forró comemorativo do enlace matrimonial da suposta noiva. Não era sempre que o tenente estava na delegacia e Coligado, mediante pequena taxa, equivalente a um quartinho de branquinha no bar do Coreto, concedeu o documento.

Ocorre que tudo isso era apenas artimanha do forrozeiro pois se assim não fosse, essa Arinéia casou tantas vezes quanto Fátima Costa completou 18 anos, eu mesmo estive em pelo menos 4 desses aniversários regados a Fanta laranja e licor de abacaxi.
Toda semana, mediante a taxinha, Coligado expedia uma licença e Arinéia comemorava o casamento num forró de lascar a tampa da chaleira.

Todo fim de semana tinha "casamento de Arinéia" animado pelo sanfoneiro Zé de Neco, com Nego Ciço do São Braz no pandeiro e o zabumbeiro Zé Gojoba, mas o Gojoba original, não esse falsificado que anda por ai.

Acontece que forró vira forró-bó-dó com a maior facilidade do mundo e num desses dias, no mais animado da festa, estourou uma confusão com um caboclinho do Borges, filho de uma senhora chamada Maria Muniz, que tinha tarimba no açougue municipal onde vendia carne de porco e embutidos suínos como lingüiça e chouriço de artesanal fabricação familiar, ou seja, o filhinho dela sabia bem manejar uma peixeira.

Mesmo estando em desvantagem, pois estava só, o caboclo enfrentou a confusão, e já tinha riscado a barriga de 2 ou 3 quando chegou a lei e a ordem personificadas no soldado Ubaldo de Zé de Borges.

Quem conheceu o soldado Ubaldo naquela época, e eu conheci, pois fomos colegas de escola, eu iniciando o ginásio e ele concluindo, sabe que Ubaldo mesmo com farda e armamento completo mais matulão e munição para 15 dias não passava de 50 quilos, tinha assim um porte de Marco Maciel depois da dengue, mas era querido e respeitado por todos, inclusive pelo encrenqueiro filho de Maria Muniz, que imediatamente parou o risca-faca e entregou a lambedeira de 10 polegadas a Ubaldo, que a pediu com aquela mansidão que lhe era característica:

Disse Ubaldo - Menino, esteja preso, me dê essa faca!.
Ao verem o oponente desarmado, a cabroeira frouxa e covarde partiu para cima do rapaz para o revide ou até para um linchamento o que Ubaldo, o guardião da ordem e da integridade do preso, repeliu prontamente:

Disse Ubaldo - Menino esteja solto, tome sua faca!
A cabroeira toda, ao ver o caboclinho de lambedeira na mão de novo recuou apavorada, e Ubaldo, calmamente, sem ter sequer tocado no seu revólver, com a mão no ombro do "menino" e este de faca empunhada, foram embora para o Borges, onde Ubaldo deixou o "preso" em casa e devolveu a faca ao ferramental de Maria Muniz.

Na segunda feira, ao saber do acontecido, o tenente João Gomes mandou chamar o forrozeiro e depois da conversa Arinéia nunca mais "se casou", mas Fátima Costa completou 18 anos mais algumas vezes, mas isso é outra estória...

Enviado Por Gilberto Moura

quinta-feira, 16 de abril de 2009

O soldado Galvão no desfile de Salgueiro

Nêgo Galvão já pintou presepada de toda espécie na Polícia Militar do Estado de Pernambuco.

O policial já passou por quase todas as unidades do interior e também da capital. O desgramado é chamado pela tropa de “Alma Cebosa”.

Vez por outra um companheiro o encontra e o cumprimento é feito desta forma – Fala alma Cebosa!

E o negão responde de lá – fala calça cagada!

Ele gosta mesmo da gaiatice.

O bicho é um comedor de bola daqueles. Já comeu toco até num desfile de sete de setembro.

Certa vez em Salgueiro, Alma Cebosa participava de um desfile da gloriosa, no dia sete de setembro e, realizou um ato inusitado em toda história da polícia, desde sua criação.

Praças e avenidas da cidade estavam tomadas de expectadores, pois já passava o desfile de escolas públicas e particulares, Tiro de Guerra, Corpo de Bombeiros, e Polícia Militar, este último o mais aguardado pela multidão.

Em todos os desfiles da data comemorativa da independência, a polícia militar sempre se apresenta no último pelotão. Dado ao som psicodélico das cirenes, do desfile enérgico dos policiais e principalmente pela instituição respeitada por combater o crime em diversas circunstâncias.

Na fileira próxima ao povo estava o soldado Galvão. Na parada para o “marcar passo”, o negão matreiro no assunto, olhou para o lado e, no meio da multidão visualizou um velhinho, de chapéu de couro na cabeça e um cigarrão pacaia no bico.

Desconfiado, como quem está roubando, ele olhou para o velho e pensou: - a fisgada vai ser no peste deste matutão.

E não deu outra, assim o fez.

A tropa ainda estava no marcar passo, pés em cima, pés em baixo, chão tremendo, policiais vibrando, e nesse intervalo acontece o episódio, outrora inédito nos desfiles realizados por este sertão a fora.

O negão com a palma da mão espalmada para baixo, olhou bem no olho do velho e falou: - ei véi, deixe o dinheiro do refrigerante do praça. Bota aqui entre os meus dedos.

O velho ficou olhando para o dito cujo, mas ainda na incerteza, fez sinal, porém o danado relembrou – É o senhor mesmo, tô cum uma sêde
da porra, bora véi deixa o refrigerante do praça, num tais vendo eu fazer graça pra tu!

O velho imediatamente tirou do bolso cinco reais e colocou entre os dedos do negão. Poucas pessoas viram a inusitada cena.

Já imaginou você ganhar uma bolinha em pleno desfile? Pois é, aconteceu em Salgueiro e não é mentira não, não, não...

Que saco, o povo parece que não acredita!

sábado, 11 de abril de 2009

O show de Pedrinho do Independente e Evanildo Mariano no Sítio Alto Vermelho


Samuel Ernesto sempre foi fascinado pelo rádio. Gostava de fazer imitação de locutores e certo dia inventou de ir a um danado de um comício no Sítio Alto Vermelho, município de Afogados da Ingazeira, dizendo ter sido convidado para apresentar os candidatos.

De reforço convidou Pedrinho do Independente juntamente com sua banda, formada na época por Evanildo Mariano, Ailton Zefa Doida, Nêgo Mita e Darésio Aristeu. Pois bem, Samuel fretou a rural do finado Augusto e danou-se para o Alto Vermelho, não ia perder a oportunidade de ver e apresentar Mansueto de Lavor.

Quando chegaram ao local, Samuel agarrou-se logo no microfone e em plena tarde falou – bom dia a todos, daqui a pouco teremos o início do grande comício neste lugar e show com Pedrinho Jogador de Bola e sua Turma, o fenômeno do Pajeú que faz estravagança no pandeiro.

As poucas pessoas que lá estavam, de cara ficaram de orelha levantada com a voz fina e trêmula do apresentador. Daí a pouco ele dar outro canja no microfone – vocês vão assistir a um lindo espetáculo com a turma de Pedrinho, que tem Nildo Mariano no reco-reco, Ailton Zefa Doida no triângulo, Nêgo Mita nos pratos, Darésio nos Copos e Marcelino no pandeiro.

O povo que esperava uma banda de grande porte ficou aborrecido e bem antes de acabar o comício foi embora. Samuel novamente deu de posse do microfone e pediu ao pessoal que ficasse para assistir ao show de Pedrinho, mas de nada adiantou. A turma foi embora, mas ficou três bêbados moedo do lado da F-4000 que serviu de palanque.

Quando viu que não ficou praticamente ninguém para assistir ao show de Pedrinho, Samuel saiu de fininho e pegou o beco. Chamou seu Augusto e retormou para Afogados num toque de mágica.

Ailton Zefa Doida, já bicado, falou a Nêgo Mita – rapaz vamos dar uma tocadinha, assim a gente não sai daqui tão queimado.

Quando pegaram no microfone e Pedrinho começou a tocar o pandeiro, Marconi Edson saiu de lá e já veio enrolando os fios para desligar o carro de som. E gritou alto em bom tom – pára pelo amor de Deus, vocês não tem autorização, isso não é música de se tocar em sítio, o povo daqui é ignorante que só a peste e meu contrato terminou.

Arretado, Pedrinho parou o pandeiro e falou a Marconi que fora convidado por Samuel Ernesto. Nisso vinha passando uma mulher feia da desgraça por perto do palanque, o cabelo arrepiado feito a gangrena, parecia uma furquilha com um um enxu de arapuá no meio. Ai o Pedrinho tocou o pandeiro e cantou – o leão está solto na rua...

Marconi deu uma popa da brucuta e pediu para o desportista parar de cantar no carro de som dele, porque os irmãos da mulher eram valentes.

Os outros já lascados, sem carro pra voltar e bravos com Marconi, concluíram a música de Pedrinho ao toque do pandeiro e reco-reco – pega na mentira, pega na mentira...

Sonho afogadense


Não é de hoje que um mandato de vereador em Afogados da Ingazeira fascina meio mundo, que o diga Erickson Torres, recordista em mandatos consecutivos e pedidos de explicação e providências ao executivo que via de regra nem explica e tampouco providencia.

O barbeiro Elesbão também acalentava este sonho.
Inúmeras vezes foi candidato e como muitos fazia sua campanha populista ao seu modo, ou seja, cortando cabelos de graça, mas nunca passou de último suplente, uma única vez.

Numa dessas eleições também foi candidato Antônio Izidio, vice-rei do Bairro da Ponte e do Costa e discursador oficial em todos os sepultamentos daquela época no São Judas Tadeu.

Quem como eu tem mais de 50 janeiros, boa memória e foi a algum enterro na juventude, deve lembrar daqueles discursos pomposos onde ele citava inclusive as moedas para pagar ao barqueiro Caronte, pela travessia do rio Letes, o rio do esquecimento, que ficava na entrada do Hades, o reino dos mortos, segundo a mitologia grega.

Quando digo que Afogados já foi mais culta, tenho minhas razões.
Mas voltando à eleição para vereador:

Elesbão era mais uma vez candidato e Antonio Izidio iria estrear na politica afogadense com tesão de noivo e confiança em seus discursos rebuscados.

Na véspera do pleito, Antonio Izidio foi à barbearia de Elesbão para barba e cabelo e lógico, dedos e mais dedos de prosa boa pois eram amigos muito chegados.

Ao chegar encontrou Elesbão terminando de cortar o cabelo do filho mais velho de João Limeira que na época deveria ter uns 12 ou 13 anos e tinha o vício de observar e escutar.

Terminado o corte, o menino ficou por ali folheando revistas O Cruzeiro de meses passados e de ouvidos antenados.
Antonio Izidio sentou na cadeira, Elesbão lhe colocou os paramentos e começou a preparar a navalha Solinger e a espuma Bozzano. Enquanto isso começa o bate-papo:

Disse Elesbão - Veja só Izidio, estou sabendo que você é candidato também e queria lhe fazer uma proposta.

Responde Izidio - Se a proposta for boa...

Elesbão - Pela lei eleitoral, o candidato não pode votar nele mesmo e nem a esposa pode votar no marido senão o voto é impugnado pelo Doutor Demócrito.

Izidio resmunga - Tá danado! E eu mais Orora (Aurora) vamos votar em quem? Vamos perder os votos?

Elesbão dá a solução - Vocês votam em mim e eu e minha patroa votamos em você e assim o Doutor não impugna voto nenhum.

Izidio desconfia - Mas isso é certo mesmo?

Elesbão responde - Se não acredita, pode ir perguntar ao Doutor Demócrito.

Izidio se rende - Precisa não, o doutor pode se aborrecer, estamos combinados.

Passada a votação, as urnas são todas depositadas no ACAI, sob guarda da policia para apuração no dia seguinte.

Concluída a apuração, Antonio Izidio não teve um voto sequer e indignado se encheu de coragem e foi perguntar ao Doutor Demócrito sobre a tal proibição de candidato votar em si mesmo e esposa votar no marido.

Depois da explicação do juiz, Elesbão que teve 4 votos e não pegou nem mesmo suplência, perdeu o freguês e o amigo e encerrou sua "carreira politica".

Texto do Advogado Gilberto Moura

A carreira de Marconi Edson


Gilberto Santos foi um grande radialista esportivo que passou em Afogados da Ingazeira na época que o cão era menino. Certo dia quando narrava um clássico do futebol afogadense no Estádio Paulo de Souza Cruz, no antigo Campo da Cadeia, pegou um ar da molesta dos cachorros com Marconi Edson Propaganda.

O Guarani empatava em 0x0 com o Ferroviário. O estádio estava lotado de torcedores e Marconi Edson estava na Rádio Pajeú trabalhando na técnica de som. No finalzinho do segundo tempo o narrador do jogo com um vozeirão de fazer inveja falou:

-São decorridos 40 minutos do segundo tempo. O placar está escrito zero para o Guarani, zero para o Ferroviário, um espetáculo de muitas emoções. Com a marca dos nossos patrocinadores, vem de lá Marconi Edson!

Não deu outra, ele saiu da emissora numa carreira que nem Rubinho Pé de Chinelo pegava. Enquanto isso Gilberto virado na gota serena não parava de narrar o jogo e já não tinha mais fôlego porque a técnica de som não estava ajudando. Você sabe, vez por outra eles colocam os comerciais e informes esportivos, porque se assim não o fosse não tinha locutor que agüentasse.

Minutos depois para a surpresa de Gilberto Santos, Marconi Edson chegou lá, suado, com apenas um sapato no pé, acenou para o narrador com as mãos abertas: - o que é que você quer Gilberto, diz logo que deixei a rádio sozinha, vim numa carreira da desgraça!

Aí Gilberto fumando numa telha, ao som do microfone detonou: Confira comigo tempo e placar de bola em jogo! São passados 44 minutos de jogo no placar, zero para o Guarani, zero para o Ferroviário. Por aqui a presença de Marconi Edson, o controlista de som mais bisonho do rádio brasileiro. Volta pra rádio Marconi que teu lugar não é aqui. Mais tarde a gente conversa condenado!

Marconi ficou furioso com Gilberto e retornou a emissora num piscar de olhos. Quando se fala neste assunto ele dar a peste com Aldo Vidal e Francys Maya.

sexta-feira, 10 de abril de 2009

O cavalo relâmpago de Neco Amâncio

O fazendeiro Neco Amâncio, pai do sanfoneiro Zé de Neco, tinha um cavalo maravilhoso, grande, alto, de porte imponente e domado no andar a trote de fazer inveja aos melhores criadores e domadores e admiração aos, como eu, menino ainda, leigo em cavalos e doma.

O nome do cavalo era Pombo Roxo. Todo sábado havia até uma certa expectativa entre a molecada da Rua Manoel Mariano, onde morava o filho de seu Neco, para ver ele chegar de Dois Riachos montado no Pombo Roxo.

De longe se ouvia o bater de cascos compassados do cavalo a trote, ou seja, sempre mantendo uma das patas no chão, resultando assim num andar mais confortável para o cavaleiro que não é sacolejado para cima e para baixo como no galope.

Se não bastasse tanto, havia ainda os arreios de Pombo Roxo, peças preciosas da arte em couro, feitas a capricho por Vicente Celeiro, pai do nosso amigo futebolista Martinho Souto. Eram rédeas, sela, bridão, buçal, peiteira, finamente trabalhadas e com adereços de prata pura.

Tudo aquilo inflava o ego do sertanejo Neco Amâncio, de trato rude e severo, mas que se desmanchava em açúcar diante do menor elogio ao seu cavalo.

Um belo dia Seu Neco levou um rádio para meu pai consertar.
Deixou de manhã e retirou à tarde, o conserto foi simples e meu pai tinha a peça em estoque.

Como gastou mais do que esperava com as compras e as bicadas, deixou para pagar no sábado seguinte, o que não era problema nem novidade para um homem de palavra e com crédito sem limites onde quer que fosse.

No sábado seguinte chegou Seu Neco para pagar o conserto do rádio e um dedo de prosa com Limeira, o meu pai.

Disse Seu Neco - Sabe Limeira, sábado passado me demorei na conversa com Antonio Izidio lá perto da ponte e já na metade do caminho começou a escurecer e ameaçar uma chuva.

Fiquei pensando em não molhar nem as compras nem o rádio e fiquei vigiando aquele nevoeiro vindo na minha direção.

Apertei o passo do Pombo Roxo e a chuva veio vindo e eu apertando o passo e a chuva vindo. Sentia o cheiro da bruta molhando a poeira da estrada e Pombo Roxo sereno no passo.

Prá encurtar a conversa, quando cheguei na fazenda, tinha molhado somente a garupa.

Texto do Advogado Gilberto Carvalho Moura

A caixa d’água do Nêgo Trojão

Dona Cecília Preta, avó do Nego Trojão, resolveu fazer uma caixa d’água em sua casa e dar um basta no chamado “banho de cuia”. Naquele tempo quem tinha um banheiro com caixa d’água era rico, por isso dona Cecília comemorava.

Para explicar melhor, a citada personagem foi uma senhora muito conhecida que morou no Bairro São Braz por muitos anos e gostava de criar cabras, galinhas e porcos. Era muito gentil e fazia muitos favores no citado bairro.

Nêgo Trojão, é filho de Dedinho e consequentemente neto de dona Cecília. Já inventou de fazer tudo nesta vida para ganhar dinheiro, claro honestamente. Atualmente é policial militar em São Paulo.

Ocorre que ele ficou responsável de construir o reservatório da avó. Pegou o dinheiro para comprar o cimento e no caminho um colega lhe falou que barro vermelho servia, era forte e gastava menos. Dali ele já saiu destinado, comprou uma carroça de barro, uma de brita, uma de areia, e misturou com dois quilos de cimento. Pronto, estava pronta a caixa d’água de vovó!

A caixa fora construída para comportar 12 latas d’água. Logo os vizinhos se juntaram e começaram a encher a dita cuja. Assim que colocaram três latas, o vermelhão do barro começou a escorrer pelas paredes, aí um dos vizinhos falou:

- Dona Cecília esta caixa está sem confiança, olha o barro vazando pelas paredes!

Mas ela pouco deu atenção, porque a obra tinha sido construída pelo neto e mandou que a enchesse, porque queria inaugurá-la na mesma noite com um banho.

Quando chegou à sexta lata, ela inventou de olhar o banheiro e verificar a advertência maluca do vizinho. Não deu outra meu amigo, a caixa caiu em cima dela e logo o camarada que a tinha avisado do perigo gritou:

- Eu bem que avisei que o barro estava escorrendo nas paredes, mas a senhora é teimosa que só sapo de banheiro, que a gente tira e o triste volta!

Um fuxiqueiro assim que viu a marmota, correu e foi chamar Trojão na casa do seu pai, Dedinho. Quando soube, o pedreirão fez finca pra casa da avó. Chegando lá assim que botou a cara na porta ela falou:

- Mas meu filho, onde já se viu fazer uma caixa d’água de barro, você ia me acabando. Tenha dó da velha, tanto que faço por você, todos os anos vendo um bicho e lhe dou uma roupa pra você sair noite de ano.

Aí o Totó respondeu tristemente: - vó desculpa, eu pensei que o barro era mais forte do que o cimento, foi um amigo meu que me recomendou. Mas eu vou lascá-lo, a senhora vai ver!

Aí a vó do Trojão concluiu: - se for falar com ele peça uma indenização, mas antes peça a seu Zé Pedra pra vir tirar a foto.

Trojão rindo disse: - como é que ele vai dar vó, se o infeliz mora no abrigo São Vicente. A senhora é que tem que dar alguma coisa a ele. E os curiosos caíram na risada...

O UMBUZEIRO DE DONA RUTH CARDOSO


Segundo Euclides da Cunha, o Umbuzeiro é a árvore sagrada do sertão - É originário dos chapadões semi-áridos nordestinos, de suas regiões menos chuvosas. Perde todas as folhas na longa estação da seca e, com as primeiras chuvas, se enchem de folhas e flores. As suas raízes são verdadeiros reservatórios de água, servindo também para comer; as folhas são apreciadas como alimento pelo gado e os frutos de sabor agradável são fontes de vitaminas. Sua produção é elevada: cada árvore dá 300 kg/ano de frutos. Ao amadurecer o umbu passa da cor verde para um tom meio amarelado.

Do Umbuzeiro se aproveita quase tudo, os seus frutos são consumidos in natura, na forma de geléias, doces, umbuzadas; das batatas fazem tijolos (doces). As flores atraem abelhas; as folhas são apreciadas pelo gado. Na medicina popular o chá das folhas é indicado para diarréia.

Numa viagem de promoções sociais na caatinga, eis que dona Ruth Cardoso, depois de largar seu ateísmo e empacotar a sua caridade em forma de cestas básicas, é tomada por uma visão, um alumbramento, um regalo d'olhos nunca dantes experimentado.

A primeira-dama acabara de avistar uma árvore frondosa, demasiadamente verde e encantadora no contraste com a castigada paisagem cinza e sertaneja.

- Dona Ruth, trata-se de um umbuzeiro! -, gritou o mais avexado dos xeleléus da comitiva oficial.

- Árvore ímpar, da família das Anacardiáceas, também conhecida, por estas plagas, como imbuzeiro - emendou o Rui Barbosa local, puxa-saco interestadual, renomado em Juazeiro, Petrolina e região.

Um terceiro abestalhado, disputando a oratória no coice, completou o serviço:

- Pai e mãe do sertanejo, do umbuzeiro se aproveita tudo: a sombra no mais senegalesco dos verões, o fruto e na seca brava e até a raiz quando não há mais nada para se comer.

Ainda abismada, dona Ruth ergueu a voz e disse que queria conhecer de perto, abraçar aquela maravilha, tocar o umbuzeiro.

Outros seiscentos mil bajuladores abriram caminho.

Lá se vai a Comunidade Solidária em passos largos.

Mas quando a comitiva estava se aproximando da tal árvore da família das Anacardiáceas, eis que um segurança avista um pacato sertanejo agachado ao pé do tronco.

- Peraí! E corre apressado para tentar retirar a pobre criatura que usa a frondosa sombra como latrina.

Mais que isso. Como refrigério d'alma, quase um exercício zen, uma honesta e merecida pausa cagatícia na peleja severina.

Ríspido, grosso que só papel de embrulhar prego, o segurança parte para tirar na marra o tranqüilo sertanejo da paz do umbuzeiro:

- Levanta daí, condenado, não tá vendo que dona Ruth vem chegando, miserável?!

Calça arriada, cigarrinho no canto esquerdo da boca quase banguela, o sertanejo desabafa:

- Agora lascou-se! O marido dela não deixa a gente comer e agora ela não deixa a gente cagar...
Texto do Advogado Gilberto Moura

quinta-feira, 9 de abril de 2009

O sargento Pedro e a gafieira do soldado

Sargento Pedro trabalhou muito tempo no Batalhão Martim Soares Moreno em Arcoverde/PE. O bicho era ignorante que só a molesta dos cachorros, mas se reformou na gloriosa, hoje desfruta do sossego, e claro vez por outra lembra do passado na caserna.

Certo dia, a fia do véi Mané cabrinha resolveu se casar. A festa seria realizada no sítio do dito cujo. Estava programado servir um jantar para os convidados, seguido de uma tocada de forró pé de serra. O pai da noiva avisou aos convidados que iria matar seis poicos, dois pai de chiqueiro e trinta galinhas de capoeira.

O casamento estava marcado para o sábado à tarde, porém, na quinta-feira seu mané foi bater no quartel pra pedir segurança na festa. Ele até falou ao comandante que já tinha presenças confirmadas de convidados importantes, como o Delegado de Polícia, o prefeito, um juiz de menor, que na época existia, a parteira Naninha, Chico Matador de Poico, Zé Rasga Saia, João do Toiça, Tôi Sapateiro, e o tocador de gaita Dagilson Linguão.

Pois bem, o comandante determinou que o sargento Pedro fosse dar segurança na festa de seu Mané, afinal eles eram amigos e vez por outra o véi agradava o homi com uma penosa gordinha, gordinha.

Quando chegou na casa da festa, o sargento olhou para os soldados e falou: - meninos aqui a coisa parece que vai ser boa, vocês vão se arrumando por aí que eu já to de olho naquela matutinha que está escorada na varanda da cozinha.

Aí um soldado desses desenrolados respondeu: - o senhor manda chefe! Peça logo uma garrafa de pinga aí ao véi pra gente torar no dente. Mas o medroso deu um pitaco: - Vamos ter cuidado porque vai ter muita gente importante aqui, eu vi o véi dizendo ao comandante. Um terceiro retrucou: - deixa de ser besta rapaz, esse povo quando vê um taco de galinha fica abestalhado, inda mais que tem porco e bode.

Quando acabou o jantar e o pessoal se dirigiu para a sala do forró. Nisso os homi da lei já tavam cum a língua ferroada. Era nêgo chamando Jesus de Janjão e a essa altura o sargento tava virado na gota serena na língua da matuta Amélia. Os danados tiraram o chapéu da cabeça e colocaram dentro da gandola. O forró já havia começado e só se ouvia o chiado dos coturnos no salão. O sanfoneiro cantava: - É animado ninguém cochila, chega faz fila pra dançar, na entrada está escrito é proibido cochilar!

Quando pensaram que não, tava o sargento e os três sordados cada um com uma dama, dançando e arrasando no salão. Tinha um soldado que tava numa gafieira da brucuta, o suor escorrendo na cara e a farda chega tava ensopada. Numa mesa ao lado o delegado comentava com um convidado: - rapaz olha aquilo, esse cara ganha qualquer concurso de dança, eita soldado dançador da peste! Vou fazer questão de dizer ao comandante dele. Mas não precisou, porque na segunda-feira pela manhã seu Mané foi agradecer ao comandante e falou:

- Comandante, quero lhe agradecer de coração por o senhor ter me mandado aqueles policiais, ô cabras bons! Beberam pinga, comeram galinha, poico, bode e depois foram dançar. Tinha um seu coronel, que dançava tão bem que parecia uma carripêta. Se o senhor for mandar mais gente para as minhas festas mande aqueles. O sargento é uma beleza, agarrou nos beiços de Amélia minha vizinha e só sortou no final da festa. O senhor deve dar os parabéns e ele porque ele é muito cortês e namorador, a polícia tem que ter cabra macho assim. Não gosto de sordado que fica no pé de parede cum os braços incruzado olhando o tempo passar. Pois bem, lhe trouxe esta galinha e obrigado!

Assim que o véi Mané saiu da sala, o comandante chamou o sargento e seus comandados e deu uma esporro da molesta. Ainda teve um engraçadinho que respondeu ao comandante: - errar é humano coronel, principalmente quando se trata de mulher. Atire a primeira pedra aquele que não gostar da fruta! E o comandante retrucou: -cale sua boca soldado, não meta a boca onde não é chamado, estou falando com o sargento. Aí ele respondeu: - mas ele não lhe respondeu nada porque tá com a língua ferruada, o senhor não viu que ele tá bicado?

terça-feira, 7 de abril de 2009

A entrevista do Goleiro do Pajeú em Monteiro


Derva foi um grande goleiro do futebol afogadense. Passou pelo Ferroviário, Portuguesa, Pajeú e outras equipes do futebol afogadense. Certo dia um time do Pajeú foi jogar em Monteiro na Paraíba, em um jogo festa. O Pajeú era uma equipe bastante conhecida e por isso o campo estava tomado de gente por toda parte; estava lotado!

O time afogadense empatava a partida em 1x1 e assim que acabou o primeiro tempo um repórter esportivo, tipo Aldo Vental e Nill Patinhas procurou os jogadores do Pajeú para uma pequena entrevista. No momento Derva vinha passando perto do radialista, aí o repórter aproveitando a praticidade abriu o microfone e falou ao vivo: -Terminado o primeiro tempo da partida no placar de 1x1 eu estou aqui com o goleiro da equipe do Pajeú, time lá do Pernambuco; Derva o que você está achando do jogo?

O arqueiro afogadense respondeu: - É o jogo está bom; os dois times estão jogando um futebol equilibrado, o Pajeú mostrou que não veio pra brincar e é isso aí, vamos para o segundo tempo esperando que a gente saia com um resultado positivo.

Pra terminar o danado do repórter inventou de pedir ao goleiro para deixar as suas considerações finais: - Nós queremos agradecer a sua gentileza Derva, e os microfones da Rádio ficam abertos para suas considerações finais.

Derva aproveitou o momento e mandou um recado para a família em Afogados: - eu quero agradecer ao pessoal desta rádio e mandar um recado urgente pra minha mãe lá em Afogados da Ingazeira. Essa rádio bota lá? O radialista sorrindo falou: - claro que sim, pode mandar seu recado agora Derva!

Aí o Derva gritou no microfone: - mãe, o meu almoço que está dentro do fogão, dê a Ciçó que eu vou almoçar por aqui! Eu só chego à noite. Tchau!

E os jogadores, torcedores e radialista caíram na gaitada!

segunda-feira, 6 de abril de 2009

O protesto do vereador de Carnaíba Luiz Alberto


Quando vereador em Carnaíba na gestão 2004/2008 Luiz Alberto (PSB) que passou por vários partidos e grupos políticos deixou registrado seus contos engraçados, tanto é que veio parar aqui no Carão. O clima estava fervendo na Câmara Municipal de Carnaíba, face a um Projeto de Lei apresentado pelo vereador Everaldo Patriota solicitando direito a reeleição da Mesa Diretora.

Pois bem, Nill Júnior astuto como é, doido pra dar um furo de reportagem sobre a votação deste polêmico projeto na terra de Dantas, ligou para cada um dos vereadores. A resposta em off o leitor sabe qual foi, afinal os danados sempre posam de bons moços para os homens da imprensa.

Luiz Alberto na época filiado ao PV de Diógenes, foi um dos vereadores que o Tio Patinhas da Rádio Pajeú havia conversado pelo telefone. O representante forte de Ibitiranga falou que estava 100% decidido para votar contra. – Isso é conversa rapaz, eu vou votar num projeto anti-democrático desse? De forma alguma, sou contra e vou articular para a população e os companheiros ficarem neste barco!

O presidente da Câmara Municipal na época Everaldo Patriota (PSB) por baixo dos panos convenceu a maioria a votar a favor do projeto dois dias antes da eleição. Alberto quando soube, fez finca pra casa de Everaldo. Chegou cansado parecendo que vinha de uma maratona de 20 quilômetros. – Everaldo como é que está caminhando a sua reeleição?

Everaldo falou: - está bem, inclusive com maioria, só falta você para fechar a votação por unanimidade.

Nem bem Everaldo fechou a matraca Luizão respondeu: - Faz tempo que estou decidido a votar na reeleição, até convenci os demais a isso! Eu bem que disse aos meninos que este projeto era interessante. Pode contar amigo, se você tiver um voto será o meu.

Nisso, Tio Patinhas já havia anunciado no Manhã Total, que o projeto de Everaldo Patriota não seria aprovado. Mas quando soube da notícia imediatamente ligou para Luiz Alberto e perguntou ao vivo: - Vereador Luiz Alberto, você como outros vereadores garantiram que não iriam votar no projeto aprovando a reeleição, o que houve pra você mudar de idéia?

Aí o vereador de Ibitiranga respondeu: - É, na verdade eu ia votar contra o projeto, mas me deu uma doidiça na hora, mudei de idéia e votei de PROTESTO.

O Patinhas ainda indagou: - que protesto vereador?

- protesto, protesto, rapaz! Não sabe o que é não?

E desligou o telefone indignado. Por essa o Patinhas da imprensa falada não esperava!

domingo, 5 de abril de 2009

A vinda de Arraes ao município de Solidão ficou na história


Jogador ruim é danado pra ser dono de time de futebol. Aconteceu comigo e temos vários exemplos na cidade. Pedrinho do Independente, Bismack de Ciço Boró, seu Antonio, Lino do Bangu, Lourinho da Granja, Tatu da Ezídio Leite, Zé Leandro da Barragem, Dada Mototaxi, Marcos da Gráfica, Ironaldo do Mercadinho Cordeiro, Diogo da Cohab, Osivan do Nacional do São Braz, Mangueira da Rua Nova, e tantos outros.

Certo dia Irapuam Nascimento, filho do saudoso comerciante Antonio Tota inventou de fazer um time de futebol de salão e marcou um jogo contra uma equipe de Solidão. Na época seu pai estava no auge em relação às vendas na sua loja comercial e possuía o carro mais novo da cidade, uma Belina Del Rei. O uniforme do time de Irapuam foi comprado no shoping, os coitados dos atletas do time não sabiam nem pra lado ficava o Recife, imagine marcas de material Topper e Rainha.

Pois bem, o time saiu da cidade por vota das 18 h por conta da estrada que era ruim que só a palavra teje preso. Ocorre que, na hora em que Irapuam entrou na estrada de Solidão, outros dois veículos coincidentemente o seguiram até a entrada da cidade da santa. A poeira tapava as estradas e no interior do veículo um fedor de suvaqueira e um bafo de leão da desgraça.

O que os jogadores não sabiam é que naquele dia o Governador Miguel Arraes estava sendo esperado por vários prefeitos da região para uma inauguração de energia. Tinha autoridade de toda espécie. Faixa por todo lado agradecendo a visita de Arraes e uma tonelada de fogos pra soltar na hora da chegada do mito pernambucano.

Meu amigo, na hora em que o clarão dos faróis tomados pela poeira bateu de frente com a entrada da cidade de Solidão, um puxa-saco gritou: - corre se apronta pra soltar os fogos que o Ilustre Governador vem aí! Chama as artoridades pra receber o homi! Foi um corre-corre da boba serena. A cerca de uns quinze metros da entrada os jogadores avistaram a multidão, aí um deles disse a Irapuam: - rapaz nós tamo cum prestígio arretado oia o povo esperando a gente. Eu acho que isso é um jogo festa, porque tu num disse Irapuam? Também hoje eu tiro a barriga da misera!

Nisso ouviram a pipoqueira que fogos e os aplausos do povo. Num carro de som o locutor anunciava: - Registramos a chegado do Governador de Pernambuco doutor Miguel Arraes Alencar e sua comitiva! Portanto convidamos as autoridades para dar os votos de boas vindas. Todos se dirigiram ao carro, aí foi quando Irapuam e sua turma desembarcou da Belina sem camisa e perguntando: - onde é a quadra? O time chegou, podem nos acompanhar e obrigado pela recepção, nós vamos fazer o mesmo no jogo de volta!


Aí um camarada gritou: - Houve um engano, essa não é a comitiva do Governador, é um time de futebol do filho de seu Antonio Tota, pede para o locutor falar no carro de som. Quando o locutor anunciou a coisa no microfone, o pessoal caiu na gaitada. Mas o puxa-saco ficou apavorado porque não tinha mais aonde arrumar fogos pra soltar para o Governador. E só não chamou os atletas de Irapuam de santo: - acha dessa mulecada vim fazer uma marmota da mulesta dessa justamente hoje na vinda de Arraes. Vou dizer ao pai dele segunda-feira na loja!

Este causo foi verdadeiro e ficou gravado na memória do povo de Solidão.

sábado, 4 de abril de 2009

Marconi Edson tá arretado com nota publicada em nosso blog


Marconi Edson Propagandas está mordido com Aldo Vidal, Francys Maya e Itamar França com a estória publicada neste blog. Ocorre que hoje sábado (04) à tarde, Elias Pinta Silva, sem ter o conversar no Bar de Tripa com o prefeito Totonho, lembrou da matéria publicada em nossa página, cujo personagem principal era Marconi Edson.

Nem bem Pinta Silva fechou o bico, Marconi desceu a rampa da Praça Arruda Câmara com o cachorro da molesta nos couros pra tirar o assunto a limpo. Municiado com uma cópia do conto na mão, Marconi pediu que tirasse a nota do ar, pois caso contrário iria mover uma ação contra o blog por danos morais. Imediatamente liguei para Maya que sem encontrava em Serra Talhada e passei o telefone para Edson. Meu amigo, Maya caiu na gaitada e Marconi ficou vermelho que só um pimentão, fumando numa telha dizendo que ia processar os autores do conto, segundo ele mentiroso.

“Eu não me passaria pra isso não Itamar, tua acha que eu ia abandonar a rádio e chegar gritando daquele jeito? Não vá em conversa de Maya e Aldo não que eles não assumem nada. Quem vai se lascar na justiça é você. Eu já estou cheio dessas molecagens. Eles incorporam os personagens safados que eles inventam e só acham que fica engraçado com o meu nome. Se colocar qualquer outra pessoa parece que fica sem graça. Vão se danar! Tire isso daí se não vou lhe lascar todinho na justiça”, concluiu.

Nós atendemos ao pedido do amigo Marconi e tiramos à nota do ar. O homi tá uma fera rapaz, ainda mais com Maya tirando ele do sério no telefone. Edson é uma pessoa amiga e gosto demais da pessoa dele.

quinta-feira, 2 de abril de 2009

O voto inesquecível do ex-vereador Zé Ioní


Quando estava vereador José Ioní Almeida registrou muitos causos interessantes na Câmara Municipal de Afogados da Ingazeira. Certa vez numa sessão ordinária o caminhoneiro pregou uma daquelas, difícil de esquecer.

Os vereadores discutiam a aprovação de um Projeto de Lei apresentado pelo Executivo. Ele tinha a mania de baixar a cabeça e ficar escrevendo não sei lá o quê, porque o danado não é tão afinado com a leitura, principalmente com a escrita.

Iniciou-se a votação e Zé Ioní não estava nem aí pra situação. Continuou rabiscando um pequeno pedaço de papel. Depois de alguns pares terem votado, chegou à vez do autor da conhecida frase: “renovação sé em pneu de caminhão”. Logo o presidente da Casa indagou: - vereador José Ioní a favor ou contra o projeto?

Atordoado ele levantou a cabeça e sem norte algum respondeu em cima da bucha:

- Homi essa Câmara é iguá a uma poica que aonde vai os bacurins vão atrás, por isso eu acompanho o voto dos companheiros que me antecederam, não sei qual foi à posição deles. Foi gargalhada pra todo lado no recinto da Casa Monsenhor Arruda Câmara.

O projeto havia sido apresentado pelo executivo, na época situação, porém a oposição havia votado contrária segundos antes de Zé Ioní se posicionar. Quando viu a bancada de situação de cara feia pra seu lado e a oposição rindo a toa, Ioní usou o microfone e perguntou ao presidente:

- Meu patrão, me responda uma coisa, eu votei a favor de quem, da situação ou oposição? Porque os amigos aí estão com a cara de quem comeu e não gostou. Parece que tão é com dor de barriga. Oxe!

Aí o presidente retrucou: - não sei vereador, você deveria prestar mais atenção nos assuntos da sessão, isso não é a primeira vez que Vossa Excelência engole mosca.

Zé Ioní de uma forma descontraída retrucou: - eu engoli mosca. Fala sério!

 
© 2009 wally designer (87) 8815-4639